Cidades Minerais

Apresentamos aqui algumas visões artísticas sobre a paisagem urbana em constante transformação, com especial enfoque na trajetória mineral de suas construções. Do sono profundo no leito de um rio as pedras são explodidas, revolvidas, extraídas, transportadas e processadas até se tornarem matéria-prima para a construção civil. Apesar da aparente solidez e perenidade de nossas construções modernas e da paisagem urbana, elas estão em constante transformação. A cada esquina um tapume esconde uma demolição, uma antiga casa dá lugar a um moderno arranha-céu, modificando a paisagem afetiva na qual circulamos cotidianamente. A cidade é, portanto, uma paisagem mineral organizada pelas mãos humanas em um processo circular de extração, transformação, destruição e descarte. Da terra ao tijolo, do rio ao concreto armado, da árvore ao tapume e enfim ao lixão, destruindo o leito de algum rio já há muito tempo degradado.

As obras aqui reunidas nos dão a ver esse processo circular de transformação da paisagem na qual habitamos e com a qual convivemos. Das pedras no leito de um rio, passando por tijolos de barro, demolições e construções, ruínas e descartes, vemos componentes minerais que conformam a paisagem de uma grande cidade contemporânea e seu devir-ruína, já que aqui ‘tudo ainda é construção mas já parece ruína’, como diria Caetano Veloso junto de Lévi-Strauss.

Artistas Convidados: Alan Oju, Bruna Granucci, Jaques faing, Jussara Marangoni, Manuela Costa Lima, Márcio Távora, Raphael Franco, Roberto Sanovicz