Nascido em 6 de maio de 1996, em uma cidade de São Paulo, em uma família provida de mulheres, embalado por mães, cresci rodeado por leoas guerreiras machucadas pela vida. Fui o primeiro neto e sobrinho, regado por músicas boas, contam até que só dormia ouvindo Cazuza no pé do ouvido.
A arte por si só sempre se fez presente, mesmo não fazendo sentido para um bebê.
"As Coisas do Bruno" são retratos do que é, literalmente, as coisas do Bruno. Foram 26 anos da minha vida ouvindo isso de forma pejorativa, como se nada se aproveitasse quando vindo do meu ser. Nesse processo, sempre enxerguei o significado de coisas ruins, coisas que não deveriam ser feitas, nem aproveitadasPor muito tempo eu achei que as Coisas do Bruno só serviam como sinônimos de coisas nefastas, mas o processo de reconhecer, aceitar e ressignificar é doloroso, solitário e intenso; mas vale a pena!
Hoje eu apresento a vocês "As Coisas do Bruno”, coisas essas que eu não consigo transcrever nem ditar, são coisas apenas sentidas. Cada peça e cada movimento são fragmentos do Bruno, desde o início até agora, hoje, desde quando eu não tinha voz e fui calado. Agora meus pulmões gritam e querem ser ouvidos, querem ser reconhecidos pelas coisas do Bruno. Diagnosticado com ansiedade severa e depressão, vivi os piores dias da minha vida; foram tantas noites em que me afoguei dentro de mim, com uma sensação de inércia, onde 1,86 de altura parecia caber dois maracanãs dentro, tornando o lugar vazio e cheio ao mesmo tempo Eu sempre fui muito artístico, olhando para trás, percebo e chego a quantificar os rastros deixados por mim. Na escola em que cursei o ensino médio, sai deixando meu nome em várias telas no corredor principal, ainda me encontro lá, mesmo estando aqui. Expressando desde pequeno o que exalava dentro de mim. Rabiscando textos por outrora, mas nunca se referindo ao Bruno como protagonista desses textos. Referir-se ao Bruno sempre foi sinônimo de SILÊNCIO. A influência vem de forma orgânica e silenciosa, partindo do verdadeiro, assim encontrando saídas e inspirações na mata, na queda d'água, no vento. Trazendo entre os poros a cultura escura, escravizada: minha fé tem cheiro de dendê e às sextas-feiras me visto de branco. Axé!