J. Kramer, nascida no verão de 2007 em São Paulo, ergueu um fluxo singular na literatura e nas artes. Como características indissociáveis de seu trabalho, veem-se a melancolia e a intensidade.
Desde a mais tenra infância, Kramer foi exposta a uma atmosfera de introspecção como uma égide pós-perda: a irmã que não chegou a conhecer.
Essa angústia é presente em cada traço e palavra que produz. Aos olhos de Kramer, a vida se mostrou efêmera desde o princípio, trazendo consigo uma sensibilidade que transbordaria mais tarde em suas obras.
Seu primeiro livro, Retratos Invisíveis, é grito poético – introspectivo e universal. Em suas criações literárias, Kramer mergulha na natureza humana e suas contradições, abalançando suas sombras com uma sinceridade brutal. Há uma crueza e uma beleza devastadora em sua prosa, como se pintasse suas palavras com o mesmo pincel monocromático que usa em seus desenhos.
Como artista, Kramer explora o realismo, o expressionismo e o surrealismo em um tom monocromático quase hipnótico. As composições em preto e branco desnudam o que é invisível aos olhos – dores, sonhos e fragmentos de alma. Ela atinge o poder do silêncio nas artes visuais e o cultiva para desconstruir e recriar a realidade –física e emocional.
Em Silicon Prometheus, sua incursão mais recente na literatura, Kramer mira o limiar entre o humano e o tecnológico, discutindo a essência de nossa existência no avanço vertiginoso. Ela compara o mito de Prometeu e a vulnerabilidade humana diante da própria criação. É uma obra de fascínio pela mente humana e de temor pela desconexão emocional que o futuro pode infligir.
Ao ajuntar literatura e artes visuais, J. Kramer incorpora sua visão de mundo. Suas obras são, assim, representativas de um vislumbre de si mesma; mediante sombras e da luz, a autora se encontra e nos convida a também nos encontrarmos.