Rodrigo Sales, 33. Adepto Rosa-Cruz, Gnóstico e Cabalista.
Era uma vez um menino que via o mundo de um jeito diferente. Para ele, o espaço ao seu redor era um palco onde suas ideias ganhavam forma, um universo particular onde brincava e interagia com criações da própria mente. Com o tempo, essa magia infantil, infelizmente, começou a se dissipar, dando lugar a uma rotina mais comum.
Na juventude, porém, uma nova luz surgiu: uma facilidade natural com proporções e formas o revelou como um desenhista talentoso, rendendo-lhe reconhecimento e admiração. Mas a vida o levou por outros caminhos, explorando o universo da tecnologia em estudos e profissões. Os desenhos, antes tão presentes, tornaram-se apenas lampejos de um talento adormecido.
Em 2013, o reencontro: seus primeiros desenhos autorais em papel A4, feitos a lápis grafite. No ano seguinte, a exploração se intensificou com nanquim e acrílico sobre diversas superfícies. Mas 2014 também marcou um ponto de virada sombrio, uma profunda desilusão existencial que o lançou em uma busca por sentido.
Guiado por um chamado interior, ele tomou uma decisão radical: pediu demissão do emprego e escolheu viver da arte. Em 2015, adquiriu suas primeiras máquinas de tatuagem e pintou sua primeira tela a óleo. Desde então, entre altos e baixos, entre o sucesso e o aparente fracasso, ele persiste...
Acredito em uma "Arte Real", um ofício sagrado, um "Ora et Labora" – oração e trabalho. Uma arte sagrada que transcende o tempo e as culturas, encontrando eco na alma daqueles que têm "olhos para ver".
Meu processo criativo, a inspiração exige um certo distanciamento do ego,
um estado de silêncio interno (gnose), onde o que antes era percebido como criatividade se transforma na própria força criadora. A mente subconsciente, ou a "luz astral", é a verdadeira fonte de uma arte profunda, e a intensidade da inspiração está diretamente ligada à predominância dessa força.
Meu objetivo não é falar sobre o si mesmo, mas transcender minha própria individualidade. Personalidade, conhecimento e sabedoria não são a fonte da inspiração, mas ferramentas que traduzem uma mensagem da fonte universal: a reconciliação das forças opostas da condição humana dualista.
Assim, entre as infinitas possibilidades de expressão, é através de símbolos, telas, tintas e pincéis que busco, em cada obra, revelar a beleza oculta que reside em tudo e em todos.