Senzala

Autor: Marcos Vilas Boas


Cadastrado em 30/01/2023
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US$ 600,00

Data: 1996
Tipo de obra: Pintura
Técnica: tinta óleo sobre chapa de eucatex
Dimensões: A 0,77 x L 0,58 x P 0,02
Localização: Cor primária: amarelo e vermelho
Cor secundária: preto
Descrição: Senzala (1996)
A pintura apresentada evoca uma reflexão profunda sobre a história e a luta dos negros no Brasil e no mundo, especialmente no contexto do Dia da Consciência Negra. Ela nos transporta para um cenário de opressão e resistência, onde as sombras e os elementos simbólicos, como as correntes e a estrutura de madeira, e a máscara de ferro, falam diretamente ao sofrimento de um povo que, durante séculos, foi submisso à escravidão.
A máscara de ferro simbolizada na pintura era usada para castigar os escravizados na época da escravidão no Brasil, ela era um dispositivo cruel utilizado para punir e humilhar os escravizados, sendo colocada sobre o rosto da pessoa, de modo a impedir a comunicação e a alimentação adequadas. A máscara era especialmente usada em casos de fuga ou de tentativa de revolta, e seu propósito era tanto de repressão física quanto psicológica.
 
É importante notar que a utilização dessa máscara era um dos muitos métodos brutais usados pelos senhores de escravos para tentar controlar e submeter a população escravizada durante o período colonial e imperial no Brasil segundo a história. Além disso, a máscara de ferro, junto com outros tipos de castigos, que eu simbolizo nessa pintura, evidenciava a violência institucionalizada e o desrespeito à dignidade humana naquela época.
 
Através de uma composição marcada por uma paleta de cores escuras e tons terrosos, foi possível eu expressar; o quadro parece nos convidar a olhar para um passado marcado pela dor, mas também pela esperança e pela resistência. As correntes, representadas com formas orgânicas e pesadas, fazem referência à escravidão e à prisão física, enquanto a figura nebulosa ao fundo, entre as linhas da estrutura, pode simbolizar a figura humana, invisível e silenciada durante a escravidão, mas ao mesmo tempo firme, resiliente.
 
As linhas horizontais e verticais que estruturam a arquitetura da “Senzala”, construída pelos próprios negros, no quadro se cruzam de forma a lembrar a rigidez do sistema colonial e escravocrata, que aprisionava os corpos e as mentes, mas também a luta constante pela liberdade e dignidade. O vazio que cerca o pequeno objeto, possivelmente uma construção simbólica de várias ferramentas, sugere a falta de voz e a destruição das culturas afro-brasileiras durante o período escravagista, mas também aponta para o potencial de reconstrução e resistência, mesmo nas condições mais adversas.
 
No contexto do Dia da Consciência Negra, a pintura pode ser vista como um lembrete do peso da história, mas também da importância de continuarmos lutando pela igualdade racial, pela valorização da cultura negra e pela superação das desigualdades ainda presentes na sociedade. Ela não apenas rememora as feridas do passado, mas também inspira uma reflexão sobre o poder da memória coletiva e o papel da arte como resistência e como forma de resgatar as narrativas muitas vezes apagadas pela história oficial que nunca paramos de lutar. Axé para todos que tem fé em um dia melhor.
Arquiteto e artista plástico
José Marcos Vilas Boas Ribeiro

Fotos da obra

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