Intervenção Doméstica Temporária - Lavabo
Cadastrado em 08/07/2020
Data:
2019
Tipo de obra:
Instalação
Técnica:
aquarela de tinta acrílica sobre cópia xerográfica em papel instalado em parede de lavabo
Dimensões:
A 0,68 x L 1,35
Localização:
W Residência Artística
Cor primária:
azul
Cor secundária:
rosa
Descrição:
Ao lado do espelho do lavabo da W Residência Artística, em Ribeirão Preto, onde o artista Fábio Carvalho esteve por 10 dias, foram instalados azulejos de papel pintados por ele à mão, um a um, a partir de desenhos do artista de plantas do jardim e das imediações da residência, algumas plantas típicas de jardins brasileiros, e frutas redesenhadas a partir do exuberante papel de parede da copa da residência.
Os azulejos de papel foram dispostos de forma semelhante a um tipo de painel português tradicional do século XVIII, onde encontramos uma imagem central maior e dominante, geralmente um grande vaso de flores ladeado por anjos ou pássaros, cercada por figuras avulsas, normalmente formando silhares em cômodos dos palácios antigos.
No trabalho do artista, a figura central é uma Aroeira, árvore bastante comum em Ribeirão Preto, e que lembra um salgueiro chorão, que foi o estopim para este trabalho, tendo sido a primeira planta a ser desenhada, e no final, por conta da configuração desejada para o painel, a única árvore. Em meio às aquarelas botânicas paradisíacas, encontram-se alguns invasores militares. As figuras da flora foram pintadas em azul, e as imagens militares em azul ou rosa.
O uso da cor rosa para algumas das aquarelas com imagens militares é uma das novidades que surgiram durante o processo deste trabalho, e surge como uma crítica a uma certa tentativa de imposição hegemônica do novo governo federal brasileiro empossado em 2019. Até então, todos os azulejos de papel eram pintados pelo artista apenas em azul.
Embora o trabalho de Fábio Carvalho sempre apresente o choque entre estereótipos de masculinidade / virilidade (neste caso, as figuras militares) e elementos ornamentais considerados por muitos como femininos (neste caso, as plantas, flores e frutas), esta foi a primeira vez em 10 anos que seu trabalho também tirou partido dos ambientes domésticos, tanto ao intervir sobre os próprios ambientes, como ainda criando trabalhos com elementos destes locais, de forma a acentuar o conflito.
Este trabalho é um desdobramento de intervenções urbanas realizadas pelo artista em Lisboa (Portugal) entre 2015 e 2016, numa referência aos azulejos de figura avulsa portugueses.