Eva

Eva surge como um sussurro primitivo, um respiro inaugural da forma feminina. Não há cenário, apenas o branco que a envolve, como se o mundo ainda não tivesse sido dito. O corpo, delineado por contrastes, parece emergir da própria ausência, uma revelação feita de sombra e silêncio.

Ela se ajoelha, mas não em submissão — é um gesto de retorno. De volta à origem, ao ventre da terra, à lembrança de si mesma. Há algo de introspectivo em sua postura: o recolhimento de quem compreende que o mistério da criação começa dentro. Suas mãos repousam como quem reconhece a própria existência no simples toque do corpo.

A ausência de rosto a liberta da identidade, tornando-a símbolo — não uma mulher, mas todas. Eva é a imagem arquetípica da mulher que pensa, sente e recria o mundo a partir de si. Nela, a pureza da linha contrasta com a densidade do gesto; o preto absoluto convive com o branco essencial, e desse embate nasce a poesia do contraste.

Edvam A. (ed), em sua série, Mulheres, revela a força do minimalismo expressivo: cada traço tem o peso de uma palavra antiga, cada vazio carrega um sentido por vir. Eva, não é apenas uma figura; é um espelho. Nele, cada olhar descobre uma nova gênese — a eterna criação do feminino no espaço e no tempo.

Xilogravura em tela "Eva".
O artista, ed (Edvam A.), segue inspiração do Movimento Armorial criado por Ariano Suassuna na década de 1970 e visa a valorização cultural do seu país. Tendo como inspirações J. Borges & Gilvan Samico. No total foram gastos 58 dias e mais de 65 horas na produção dessa obra.

A obra está dísponivel também em print (cópia):

Quadro com moldura tradicional e vidro acrílico.