Documentário criado para o Centro Cultural do Alumínio
Cadastrado em 17/11/2020
Data:
2020
Tipo de obra:
Vídeo
Técnica:
4K
Dimensões:
Localização:
Vão Espaço Independente de Arte
Cor primária:
Cor secundária:
Descrição:
Texto curatorial: Carollina Lauriano
Fotografia: Ana Pigosso
Trilha Sonora: Bruno Gold
*track cordilheira Bruno Gold + Felinto
Captação e edição: Daniel Argieri
Filmado no Vão Espaço independente de Arte, São Paulo, Outubro de 2020
Com apoio do Centro Cultural do Alumínio, São Paulo
Ressignificar o presente como possibilidade de futuro
Pensar arte e inovação, ao contrário do que se pensa, não é somente envolver novas mídias ou tecnologia aos processos de criação artística. Nesse sentido, inovação também está atrelada à capacidade de um artista criar soluções para questões complexas da sociedade.
Ao propor um novo olhar para objetos de consumo cotidiano, Sandra Lapage joga luz em assuntos que precisam ser abarcados em uma discussão social mais ampla. Em uma primeira camada, suas esculturas - criadas a partir de cápsulas de café e vinho (as embalagens que envolvem o gargalo da garrafa), ou até mesmo de latas de bebidas - denunciam uma individualização do consumo, que acaba por gerar excessos de materiais que serão descartados, e que, sem uma política rígida de reciclagem, podem corroborar para o aumento dos impactos ambientais, assunto tão caro nesse contexto que mundo que estamos vivendo.
A monumentalização de suas obras trazem para o espectador uma dimensão corpórea das consequências de tais impactos e como é importante que, cada vez mais, tomemos consciência sobre o que e como estamos consumindo. Dessa forma, os trabalhos de Sandra Lapage apresentam um embate direto com quem os observa, que em um primeiro momento pode ser capturado pelo rigor estético de suas obras, para depois adensar as questões propostas pela artista.
Da ressignificação desses materiais podemos pensar em outras camadas discursivas embutidas nas obras da artista, compreendendo a transformação e transmutação como uma delas. Desse deslocamento de significados, Sandra nos faz pensar em presença e como estar presente em qualquer ato nos leva a repensar nossas próprias ações em relação ao mundo que nos cerca, do micro ao macro.
Dessa forma, retomo o lugar de inovação na arte como um processo de reconexão com o nosso entorno, e que nada mais é do que um processo de reconexão com nosso eu interior mais profundo. Ao propor um olhar mais atento para processos de reciclagem de materiais, Sandra Lapage nos faz perceber que é preciso buscar buscar novas formas de criar conexões com o natural e com as ancestralidades, que tem muito a nos ensinar que novas formas de mundo são possíveis e como essa integração é necessária para enxergar novas possibilidades de futuro.