Recortar (se) ecolar (se). Um movimento feminino

A série de colagens: Recortar (se) e colar(se). Um movimento feminino faz parte do processo de imersão, experimentação e deslocamentos que a pesquisa apresentou a mim. Foram produzidas no ano de 2019, no momento em que lia e escrevia sobre a experiência da loucura em mulheres que viveram o internamento como modo de controle de seus corpos e silenciamento de suas vozes. Inserem-se na pesquisa como um experimento sensorial, um mapeamento de imagens, sensações e percursos femininos a partir da experiência da loucura nas mulheres no processo de desfazer-se (recortar) e refazer-se (colar). Essas mulheres e posteriormente as experimentações artísticas entraram em cena para me ajudar a compreender como a suposta loucura atribuída às mulheres teve papel fundamental na domesticação de seus corpos e comportamentos.

As colagens constituem-se de imagens e palavras que remetem a uma construção de práticas e discursos machistas, sexistas, heterocentrados, predominantemente branco e burguês. Traduzem, portanto, o percurso da pesquisa que compreendeu que as práticas de dominação masculina se travestem de um discurso moral, familiar e religioso que reforçam os estereótipos de gênero por meio de uma suposta natureza feminina.