Pagão
Cadastrado em 20/04/2021
Data:
2020
Tipo de obra:
Colagem
Técnica:
Colagem analógica sobre papel cartão 120g
Dimensões:
A 0,33 x L 0,13
Localização:
Acervo Pessoal
Cor primária:
vermelho
Cor secundária:
Descrição:
A ideia surge como forma de denunciar a violência policial contra a população negra. É uma crítica ao tratamento para com os corpos jovens negros, ceifados a cada 23 minutos pelo Estado, de acordo com o Mapa da Violência 2016.
Para o corpo negro, é negado até mesmo sua condição de ser humano, herança de um período escravocrata, ainda presente no imaginário social. Durante a pandemia, as mortes por decorrência da Polícia Militar, cresceram cerca de 43%, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP). Isso nos mostra que esses números vão contra ao que é defendido pela polícia, de que essas mortes sejam causadas por conflitos criminosos. Mas os índices do mapa da criminalidade contradizem essa declaração, como por exemplo o número de roubos, que nesse período, sofreu queda de 64% (ISP).
Em paralelo a violência do Estado, trago um comparativo com o cristianismo, ou melhor, ao catolicismo, que tem nas suas tradições alguns dogmas, sendo eles principais influenciadores de pensamentos e comportamentos. Dogmas basicamente significam; “o que se pensa, é verdade”. Assim é a Polícia Militar, financiada pelo Estado, que, se apropriando desse imaginário social racista e colonial de que pessoas negras são criminosas, legitima seu poder de matar.
Nessa obra, a violência é um marcador presente, ainda que de forma subjetiva.
No topo da composição, há um jogo com as palavras “Inimigo” e “Homem?”, sobrepostas em formato de cruz. Logo abaixo, há uma espécie de pacote embalado, que remete a uma imagem religiosa, e na parte inferior da imagem, podemos ler “Negro”. Por fim, para concluir a criação, temos a frase “Não Matarás”, que remete ao quinto, dos dez mandamentos da bíblia. Todos esses signos, anexados a esse fundo vermelho, traz uma sensação de desconforto.
Trata-se de uma crítica contra o tratamento policial direcionado às pessoas negras em nosso país.
O modo como me relaciono com as composições é diretamente influenciado pelas minhas pesquisas teóricas e artísticas, que tem o corpo negro como protagonista, assim como, as questões sociais.
As imagens das quais me aproprio para a realização das minhas obras, descendem de recortes de revistas, jornais, papéis impressos, folders, programações de exposições, dentre outros.